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sexta-feira, 28 de março de 2014

PESQUISA REVELA QUE MULHERES COM ROUPAS CURTAS PEDEM PARA SER ESTUPRADAS

Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea) com 3.810 brasileiros no ano passado apontou que 58,5% concordam que o estupro é culpa da vítima. Os dados foram revelados nesta quinta-feira (27) e fazem parte de um estudo sobre tolerância social à violência contra as mulheres. O mais chocante: 66,5% dos entrevistados são mulheres.

A roupa curta foi apontada como grande “vilã” e, para 65,1% dos entrevistados, a mulher que usa essa roupa “pede para ser estuprada”. O estudo não se limitou apenas a casos de estupro; também procurou saber o que os brasileiros pensam sobre violência doméstica.
De acordo com o Ipea, 63% dos entrevistados concordaram, total ou parcialemente, que casos de violência doméstica devem ser discutidos apenas por mebros da família e não pela sociedade. Porém 91% afirmaram, total ou parcialmente, ser a favor da prisão do marido se ele bater na mulher.
Batizado de Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), o trabalho se baseou na entrevista de 3.810 pessoas residentes em 212 municípios no período entre maio e junho do ano passado. O estudo alerta, no entanto, que é prematuro concluir, com bases nesses dados, que a sociedade brasileira tem pouca tolerância à violência contra a mulher. “Há uma ambiguidade do discurso”, afirmam os autores.
Dos entrevistados, 63% disseram concordar com a ideia de que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre membros da família”. Para autores, um número significativo de entrevistados parece considerar a violência contra a mulher como uma forma de correção. A vítima teria responsabilidade, seja por usar roupas provocantes, seja por não se comportarem “adequadamente”.

A avaliação tem como ponto de partida o grande número de pessoas que diz concordar com a frase “se mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros”. O trabalho indica que 58,5% concorda com esse pensamento. A resposta a essa pergunta apresenta variações significativas de acordo com algumas características. Residentes das regiões Sul e Sudeste e os jovens têm menores chances de concordar com a culpabilização do comportamento feminino pela violência sexual.
A pesquisa não identifica características populacionais que determinem uma postura mais tolerante à violência, de forma geral. Os primeiros resultados, no entanto, indicam que morar em metrópoles, nas regiões mais ricas do País, ter escolaridade mais alta e ser mais jovem aumentam a probabilidade de valores mais igualitários e de intolerância à violência contra mulheres. Autores avaliam, porém, que tais características têm peso menos importante do que a adesão a certos valores como acreditar que o homem deve ser cabeça do lar, por exemplo.


MESMO SEXO - A pesquisa do Ipea também revela que a maior parte dos brasileiros se incomoda em ver dois homens ou mulheres se beijando. Dos entrevistados, 59% relataram desconforto diante da cena. A relação afetiva entre pessoas do mesmo sexo também não tem uma aceitação expressiva.

Das pessoas ouvidas, 41% disseram concordar com a frase “um casal de dois homens vive um amor tão bonito quando entre um homem e uma mulher” e 52% concordam com a proibição de casamento gay. O levantamento identificou, no entanto, um avanço na aceitação do princípio da igualdade dos direitos de casais homossexuais e heterossexuais. Metade dos entrevistados concorda com a afirmação de que casais de pessoa do mesmo sexo devem ter mesmos direitos de outros casais. (Agência Estado/NE10 )

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