As cinco novas escolas de educação integral implantadas pela Prefeitura do Recife este ano não estão funcionando como deveriam. A proposta de que os alunos fiquem nas unidades de ensino os dois turnos, de manhã e à tarde, não é realidade há um mês. Desde o final de março, os estudantes largam ao meio-dia, quando o correto seria saírem às 16h20. Indignados com as condições de trabalho, os professores decidiram, conjuntamente, suspender as atividades vespertinas. Garantem que só voltam a ministrar as disciplinas da tarde quando as unidades de ensino estiverem adequadas para receber os alunos. Estão nesta situação as Escolas Nadir Colaço (na Macaxeira), Pedro Augusto (na Boa Vista), Antônio Heráclio do Rêgo (em Água Fria), Divino Espírito Santo (na Caxangá) e Dom Bosco (em Jardim São Paulo). Nelas estudam 1.806 crianças e adolescentes nas séries finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano).
Na tarde desta quinta-feira o Sindicato dos Professores da Rede Oficial de Ensino do Recife (Simpere) denunciou o problema no Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A entidade entregou um relatório com informações sobre as escolas integrais: salas quentes, merenda de má qualidade, superlotação de turmas, infraestrutura ruim e barulho. “É um constrangimento o que professores e alunos estão passando. Muitos adoeceram por causa da poeira e do cheiro de tinta das obras que continuam sendo executadas no horário de aulas. A prefeitura começou o programa de educação integral sem antes preparar as escolas”, reclama o diretor do Simpere Carlos Elias. “O modelo foi copiado do Estado, sem levar em conta as especificidades da faixa etária dos alunos da rede municipal. Não houve discussão com os professores”, complementa.
“Semana passada uma aluna machucou o braço pois o funcionário da empresaque cuida da reforma estava quebrando a parede enquanto eu dava aula. Um pedaço caiu em cima dela”, relatou uma professora da Escola Divino Espírito Santo que não quis se identificar. “Não existe nenhuma proteção. Os alunos brincam com pregos, restos de ferro e de metralha. Há fios expostos”, complementa. Outra docente do mesmo colégio diz que está doente há duas semanas. “Estou com falta de ar e tossindo muito”, conta. O JC entrevistou 21 professores das cinco escolas municipais integrais, quarta-feira e ontem. Nenhum aceitou dizer o nome, mas todos reclamaram das dificuldades enfrentadas.
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